A Técnica da Dinâmica Neurovascular (DNV) foi desenvolvida inicialmente na década de 30 por um dedicado quiroprático pioneiro em pesquisas vasculares e viscerais chamado dr. T.J. Bennett (ele relatou suas descobertas como os “Reflexos de Bennett” e a Cinesiologia de George Goodheart denominou de “Reflexos Neurovasculares – então, percebe-se existem muitas denominações para técnicas e conceitos similares e ramificados e isso não deve confundir os estudantes desse tema, por isso os autores têm o dever de serem diretos, o mais específico possível e sempre citar as fontes de suas publicações) e ao longo do tempo esse trabalho foi continuado com a ajuda do dr. William A. Nelson e do dr. Ralph Martin (ambos também quiropráticos de formação), além dos alunos do próprio dr. Bennett. 

Em 1983, o dr. Ralph Martin publicou o excelente livro “The Practice of Correction of Abnormal Function – Neurovascular Dynamics (NVD) e o texto abaixo descreve um pouco sobre o seu maravilhoso trabalho e outros fundamentos que eu gostaria de compartilhar:

Ralph Martin graduou-se em quiropraxia em 1938 e de 1964 a 1972 foi membro do quadro de diretores da Foundation for Chiropractic Education and Research, ou seja, seu currículo mostra que ele sempre se dedicou à pesquisa, ensino e disseminação dos conceitos e aplicações do que se convencionou chamar de quiropraxia. Ele focou os seus estudos nos processos metabólicos e em procedimentos manuais (sem utilização de fármacos e agentes bioquímicos – valorizando o conceito naturalista de sua profissão) que tinham o máximo nível de eficácia para tratar os mais diferentes desequilíbrios orgânicos.

 A unidade básica de todo o metabolismo é a célula. Os tecidos são formados por conglomerados de células e estas precisam ter três ingredientes básicos para sobreviver e se reproduzir: 

1- Nutrientes.

2- Oxigênio.

3- Circulação (incluindo a arterial, venosa e linfática – nota do Daniel Erlich: e por que não circulação energética também ?!).

O sistema circulatório é o sistema de transporte que leva nutrientes e oxigênio para a célula e retira (leva embora) os subprodutos e resíduos gerados pelo metabolismo celular. A Dinâmica Neurovascular foca a sua abordagem principalmente nos processos de restauração e manutenção da eficiência desse sistema de transporte, que vai do coração até os menores e microscópios capilares.

Muitos fatores podem interferir nas funções normais do sistema circulatório. Dentre eles, os principais são:

1- Estresse (físico, mental-emocional, bioquímico e de outras naturezas).

2- Traumatismos (também físico, mental-emocional e de outras naturezas).

3- Toxinas (de dentro ou de fora do corpo).

4- Deficiências nutricionais.

5- Desequilíbrios neurológicos e emocionais.

Os osteopatas visam “deixar o caminho livre” para que as artérias principais tenham as melhores condições de conduzir o sangue até onde ele é necessário no corpo, promovendo assim o fortalecimento do princípio de auto-cura e a restauração da saúde do indivíduo. Os quiropráticos, adeptos da formação clássica dos Palmers, já buscam a restauração e manutenção do suprimento nervoso para que a “Inteligência Inata” e o próprio sistema nervoso consigam suprir com todas as necessidades das células e dos tecidos.

Na Dinâmica Neurovascular (DNV), é evidenciado que ambos os conceitos e filosofias são coerentes e inter-relacionados. E propõe uma abordagem que congregue ambas concepções, não  perpetuando “as separações e diferenças”. O sistema circulatório e o sistema nervoso são abordados como sendo uma única unidade funcional. É verdade que a quiroprática (mesmo que de uma forma limitada) sempre se preocupou com certas alterações fisiológicas e viscerais, mas a DNV desenvolveu uma avaliação mais completa e diferenciada e melhores condições para o tratamento dos desequilíbrios metabólicos e viscerais. A DNV não se limita a reequilibrar o sistema músculo-esquelético para “gerar” ganhos na qualidade do sistema circulatório e nervoso, por isso, foram criadas técnicas manuais diretas e originais para esse fim.

É conhecido o fato de que existem mudanças teciduais em decorrência de alterações fisiológicas e a preocupação deve ser totalmente voltada às fronteiras e ao potencial de proteção das funções fisiológicas normais. O objetivo primordial da humanidade é sempre prosperar e avançar para que haja evolução em todos os aspectos da vida, do conhecimento e da bondade. Os que estão chegando hoje têm o dever e a obrigação de serem melhores, indo além do que os outros mais “experientes” conseguiram durante a vida. Isso é progredir, mesmo que as condições internas e externas não estejam contribuindo ou favorecendo !

Essa nova concepção que a DNV enfatiza é que existem mais geração e complexidades de impulsos nervosos indo das vísceras para a medula do que partindo da medula em direção às vísceras e glândulas. E essa é uma nova perspectiva que a quiroprática precisa abordar. A Medicina Chinesa descreve que os órgãos e vísceras são fábricas energéticas que criam, movimentam e nutrem toda o funcionamento humano e essa energia gerada precisa circular por todo o corpo harmoniosamente. Caso isso não ocorra, começa o surgimento (ou a tendência) dos desequilíbrios de diversas naturezas. 

A prática clínica da Dinâmica Neurovascular comprova que o “terapeuta” identifica e localiza áreas de hipersensibilidade e dor na coluna vertebral e/ou no sistema músculo-esquelético e ao tratar específicas condições viscerais que também são identificadas e localizadas, ocorre um fenômeno orgânico o qual a hipersensibilidade e/ou o quadro álgico identificado e localizado primeiramente já está amenizada e até normalizada. E isso é perfeitamente lógico e racional, pois a víscera em desequilíbrio estava causando uma disfunção na coluna vertebral e/ou no sistema músculo-esquelético como um todo.

A Cinesiologia de George Goodheart, D.C., utiliza fundamentos similares à esse, porém, se limita ao contexto neuro-emocional (por relação) por aplicar áreas de contato manual principalmente no crânio e pescoço dos pacientes. Na verdade, atualmente, a Cinesiologia de Goodheart nem dá a devida ênfase na teoria e aplicação dos Reflexos de Bennett e isso é lastimável, pois o potencial terapêutico desses “reflexos” é enorme, mas entende-se por se tratar de uma tendência à uma “extensão” da quiropraxia, cuja ênfase é no sistema músculo-esquelético e nas técnicas manuais manipulativas (em envolvem o “thrust” – empurrão, em português). Já outras formas do que se convencionou chamar de “Cinesiologia” e “Teste Muscular ou Monitoração Muscular” que foram desenvolvidas por pessoas que não tinham especificamente a doutrina quiroprática clássica e nem a osteopática convencional, conseguiram valorizar mais as descobertas de Bennett (em etapas e “profundidades” diferentes), por serem mais despretenciosas, receptivas e por estarem mais dispostas a aceitar e congregar novas abordagens e conhecimentos.

É válido enfatizar que muitas dessas mesmas pessoas que criaram novas ramificações de Cinesiologia e outras Técnicas Manuais e Naturalistas correlatas “rebatizaram, imitaram, plagiaram e distorceram ” técnicas e conceitos antigos e menos explorados, seja por ignorância, ganância e/ou outros fins menos louváveis. E esse quadro também contribui gerando algumas confusões, mal-entendidos e “erros” de conceito e aplicação. Por isso, o meu conselho é: sempre procure as fontes dos textos e trabalhos que você estuda e se identifica, como as referências bibliográficas. Ainda mais porque muitos autores ficam apenas repetindo ou resumindo o que outros autores já repetiram e resumiram dos livros e artigos originais e todo o texto pode “perder o significado e o brilhantismo” e/ou ser exposto de forma incompleta, distorcida e até errônea.

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